Pular para o conteúdo

Crime ambiental com adulteração de sistema de Arla 32

Ureia agrícola, “chip paraguaio” são elementos de adulteração no Arla 32, infringindo legislação sob pena de crime ambiental.

O Arla 32 se tornou um vilão nos custos de transporte no Brasil. Não diferentemente omo ocorreu o Dieselgate nos EUA, onde a Volkswagen foi condenada por utilizar um dispositivo que fraudava as emissões de óxido de nitrogênio nos motores TDI, nosso país também enfrenta algo semelhante no transporte de cargas mas, em situação pior, sem que um culpado seja condenado.

Aqui, a questão envolve o Arla 32 ou Agente Redutor Líquido Automotivo, conhecido no exterior como AdBlue, entre outros nomes. Trata-se de um reagente químico que é pulverizado no sistema de pós-tratamento de gases, a fim de reduzir as emissões de poluentes nos caminhões produzidos no Brasil. Ele possui 32% de ureia em água desmineralizada que, em contato com o óxido de nitrogênio – altamente nocivo à saúde – reduz em 85% o NOx, convertendo-o em nitrogênio e também em água, que não alteram o meio ambiente e são inofensivos ao homem.

Como se sabe, o Proconve, Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículo, em sua sétima fase, determina que caminhões e ônibus movidos a diesel sejam abastecidos com Arla 32, que atua em conjunto com o sistema SCR (Reversão Catalítica Seletiva). Veículos com o EGR (Recirculação de Gases de Escape) não precisam utilizar o reagente, como no caso das picapes diesel, por exemplo.

Para que o caminhão ou ônibus diesel possam manter seu rendimento em termos de performance e economia, é necessário o uso constante do Arla 32, que é armazenado em um tanque separado. Quando o nível está muito baixo, um alerta é emitido no painel, onde o motorista pode verificar a quantidade de reagente a bordo. No entanto, o composto químico tem um custo e muitos transportadores não querem paga-lo, embora de forma geral, os custos com o transporte tenham subido por após a introdução do produto.

Nos postos de combustíveis, um galão de 20 litros custa entre R$ 45 e R$ 50. Para percorrer em torno de 1.000 km, um caminhão precisa utilizar em média 50 litros do produto, o que dá um custo mínimo de R$ 112,50 para percorrer essa distância com o Arla 32. Mas, alguns decidem não pagar esse valor e buscam alternativas ilegais. Uma delas é utilizar ureia agrícola em um “genérico” do reagente, inadequado para uso automotivo. Alguns são feitos em fundo de quintal, enquanto outros são feitos por empresas não certificadas. As multas por adulteração podem chegar a R$ 50 milhões.

O novo crime está previsto no Projeto de Lei 6057/16, do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Com a proposta, o parlamentar pretende inibir principalmente a adulteração de substâncias utilizadas em caminhões para reduzir a poluição causada pelo diesel. O infrator ficará sujeito às punições previstas na Lei 9605/1998, a chamada Lei de Crimes Ambientais, que enquadra quem vende e/ou executa a instalação – e também o proprietário do veículo – com multas que podem chegar a R$ 50 milhões.

Mas a fraude no Arla 32 não para por aí. Há quem busque os “chips paraguaios”. Trata-se de dispositivos eletrônicos – obviamente comprados do outro lado da fronteira – que emulam o controle de emissão do motor, fazendo com que o sistema entenda que o reagente está sendo pulverizado nos gases de escape, quando na verdade o produto não está sendo usado.

Além do desempenho e da economia, a ausência do Arla 32 pode acarretar custos adicionais ao transportador, especialmente em manutenção, onde um catalisador avariado pelo excesso de NOx, pode custar até R$ 20 mil. Isso sem contar a emissão de óxido de nitrogênio em enormes quantidades na atmosfera.

Segundo a Afeevas, Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul, um caminhão Euro 5 (Proconve 7) sem o Arla 32 polui mais que cinco caminhões dos anos 90. A entidade apontou que o consumo do reagente caiu 50% em relação ao nível que deveria ter para mover a frota hoje em circulação no país. Onde está a fiscalização?

Fonte: Estadão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *