Representantes do setor de transporte de cargas não sabem quando será possível falar em retomada. Enquanto algumas empresas conseguem atravessar o momento, entidades articulam medidas de apoio junto aos governos
Alguns setores estão sofrendo mais que outros com a pandemia do novo coronavírus. Isso também acontece dentro dos segmentos do transporte de cargas, que faz parte de várias outras cadeia, distribuindo os produtos e insumos.
Quedas na demanda
Com quedas na demanda que se aproximam de 40% no Brasil e em Minas Gerais, empresários e entidades do setor não sabem dizer quando o prejuízo pode ser recuperado. Enquanto algumas transportadoras melhor preparadas estão conseguindo atravessar a crise, outras precisam recorrer a pedidos de prorrogação de recolhimento de impostos e linhas de crédito para sobreviver ao momento.
O governo federal considerou o transporte como serviço essencial durante a pandemia. Isso significa que os caminhões não pararam de rodar, mas o volume de serviço caiu. A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) está acompanhando, a cada semana, a na demanda de carga em todo o Brasil, desde o início da crise.
Transporte de cargas afetado pela pandemia
De acordo com o último levantamento, durante a 11ª semana (25 a 31 de maio), o transporte de cargas caiu 39,69% em relação ao volume no período anterior à pandemia. Esse índice atingiu um máximo de recuo de 45,2% na 5ª semana do monitoramento, entre 13 e 19 de abril. A partir desse ponto, apresentou uma leve tendência de recuperação. Segundo a última pesquisa semanal, 93% das empresas de transportes perderam faturamento por causa da pandemia.
As informações, que foram apuradas entre 18 e 31 de maio, deixam clara a divisão que o isolamento social provoca na economia. Nesse período, a associação monitorou como o coronavírus afetou as entregas por local. Impedidos de abrir, a queda mais expressiva foi para os shoppings centers: de 64,6%. A entrega de mercadorias para lojas de rua também foi uma das mais prejudicadas, com baixa de 50,4%. Já o transporte de carga para mercados e supermercados caiu menos, registrando variação negativa de 25%.
Outro ponto analisado na pesquisa é o efeito da pandemia no transporte por tipo de carga. Uma das mais impactadas pela COVID-19, a indústria automobilística também foi uma das que menos demandou transporte, com queda de 56,1%. Por outro lado, o transporte que atende o agronegócio viu uma redução menor: de 32,3%, assim como o da indústria de alimentos refrigerados (-24,6%) e não refrigerados (-30,4%).