
O atraso no plantio de soja deve postergar para março o pico da oferta do grão no país e, com isso, concentrar a necessidade de transporte rodoviário e baixa no frete em um mês em que normalmente a demanda já está diminuindo.
Como reflexo desse quadro, algumas rotas podem ficar até 20% mais caras que em março de 2020, ano em que a colheita começou em janeiro.
Ainda assim, na maior parte das regiões, os valores não devem se diferenciar muito dos praticados em 2019, ano marcado por discussões e incertezas no mercado de transportes, diante de um julgamento sobre a tabela de preços mínimos no Supremo Tribunal Federal (STF) que acabou não ocorrendo.
Prevenções e Frete
As projeções estão em estudo elaborado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (EsalqLog/USP). Em 2021, o custo do frete rodoviário deve ter uma correção entre 10% e 15%, o que, segundo o pesquisador Fernando Bastiani, cobre as despesas de manutenção para os transportadores e autônomos – o preço do diesel, responsável por cerca de 50% dos custos, caiu 3,5% no ano passado, para R$ 3,54 o litro nas revendas, em média.
Mas os motoristas discordam. “Esse aumento do diesel toda hora nos mata”, disse ao Valor um caminhoneiro que faz viagens de Mato Grosso a várias regiões do país.
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“A gente sai com a carga a um preço, chega ao destino com outro. Nunca vi tanto reajuste toda hora”. Parte da categoria fez uma paralisação nesta segunda-feira para protestar (leia mais sobre a paralisação à página A4). A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) calcula que o custo médio para transporte de cargas em 2020 subiu 9,43%.
Popularidade do setor
“Cada região do Brasil tem suas peculiaridades, mas para o mercado de grãos, todos eles atendem a tabela de preço mínimo”, diz João. A EsalqLog/USP foi a entidade que elaborou a tabela de referência do preço mínimo do frete rodoviário a pedido da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Para o mercado de fertilizantes, conhecido como frete de retorno, a tendência é de leves correções nos preços em julho e agosto, quando os produtores compram insumos para a próxima safra de verão. “Não teremos a demanda do ano passado, quando o produtor se viu capitalizado e as importações de insumos cresceram quase 15%”, afirma Bastiani. Na ocasião, algumas rotas para transporte de fertilizantes dos portos para o interior do país tiveram reajuste de 30%.
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