Coronavírus: como fica a segurança do motorista que não pode parar?
Diante da pandemia que se espalhou pelo mundo, mais uma vez o motorista de caminhão mostra a sua importância. A recomendação para toda a população é ficar dentro de casa. Mas como fica a segurança para esses profissionais que não podem parar? Afinal, a exposição ao coronavírus é grande por parte dos caminhoneiros.
Para a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) o perigo para este profissional é ainda maior em virtude de que muitos dos seus hábitos pessoais, como banho, alimentação e até pernoite, se dão em ambientes compartilhados e em locais de regiões variadas em um curto período de tempo.
“Trata-se de uma categoria que possui um serviço essencial para a sociedade, pois abastecem as cadeias produtivas com os suprimentos fundamentais para encarar esta crise”, destaca o presidente da CNTA, Diumar Bueno.
Especialistas alertam sobre ‘vai e vem’ dos caminhoneiros pelo país
A infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emilio Ribas, alerta sobre os perigos que a circulação de caminhoneiros. A mesma diz que isso pode trazer para o aumento de carros de coronavírus.
“Quanto mais caminhões estiverem rodando país afora, menor vai ser o nosso controle da disseminação desse vírus. Esse vírus já demonstrou ser extremamente infectante”, disse a médica.
Ela explica que, ao sair de um grande centro como São Paulo, onde há uma grande preocupação com a quarentena, e viajar para pequenas cidades do interior com menor circulação de pessoas, o motorista pode levar junto o vírus a uma região de pouca estrutura de saúde.
“O ideal é manter o isolamento social. A pessoa que sai de uma cidade como São Paulo, onde há o isolamento, e vai pro interior, onde as pessoas possam não estar preocupadas com isso, essa pessoa que está sendo introduzida nesse local deveria ter o isolamento social. Eu vejo isso como um problema porque, se a gente continuar rodando, não vai conseguir parar com essa disseminação do vírus. Precisamos parar e pensar no risco que isso pode acarretar”.
Também preocupam as caronas, algo comum na rotina dos caminhoneiros. “É melhor evitar”, afirma Aline Almeida, professora de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. “E o ideal é que as pessoas tenham álcool gel, e sempre que tocarem em alguma superfície que possa estar contaminada, como gôndolas de supermercados, máquina de cartão, contato com banheiro do posto de gasolina, possam lavar as mãos. Mas, se não for possível, pelo menos passem o álcool gel”.
O que está sendo feito para proteger os motoristas?
Atenta às necessidades da categoria, a CNTA vem estudando os meios mais eficazes para contribuir com a segurança dos profissionais. Logo que se deu início à pandemia, a entidade criou uma campanha preventiva explicando alguns cuidados essenciais para proteção. Além disso, algumas entidades vem desenvolvendo ações pontuais em suas regiões, a FECAM-RJ presidida por Antônio Vitalino, está distribuindo álcool em gel para os caminhoneiros.
A entidade também foi convidada a integrar o Comitê de Gerenciamento de Crise para combater a disseminação do COVID-19 para discutir ações de prevenção dos caminhoneiros. Integrarão este comitê o SEST/SENAT, PRF, CNI, CNA e PR. A primeira reunião do grupo aconteceu no final da tarde desta quarta-feira (18).
A CNTA também emitiu um Ofício ao Governo Federal solicitando ações voltadas ao profissional autônomo para garantir sua subsistência enquanto perdurar o período de interrupção do trabalho e afastamento preventivo da doença, tais como isenções fiscais, facilitação do acesso aos benefícios sociais, entre outros. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou R$ 15 bilhões em recursos emergenciais direcionados aos trabalhadores informais e autônomos, sendo R$ 5 bilhões liberados mensalmente ao longo de três meses.
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