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Fraudes: Criminosos anunciam fretes de carga pela internet para roubar caminhões

Um motorista foi abordado em Campinas e acabou ficando refém por cerca de 24H, só foi liberado em Americana.

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Ao longo do roubo do frete, falsas empresas atraem condutores ao oferecer serviço em app por altos valores.

Até o momento sabe-se que menos dois caminhoneiros, ambos moradores de Pelotas, na Região Sul, tiveram o veículo roubado em dezembro ao buscarem cargas que iriam transportar. No chamado golpe do frete, os motoristas são atraídos por meio de aplicativo. Por ali, empresas de todo o país disponibilizam ofertas de fretes. Algumas propostas partem de empreendimentos fantasmas, que oferecem valores elevados pelo serviço.

Tudo ocorreu no momento em que buscam a carga, vem a surpresa: os profissionais são rendidos e têm os caminhões levados pelos ladrões. Foi o que aconteceu com um gaúcho, de 44 anos, que não quis se identificar. No aplicativo, deparou-se com uma oportunidade lucrativa. Para levar uma carga de São Paulo até Curitiba, distância de cerca de 400 quilômetros, a empresa oferecia R$ 4 mil – o valor pago normalmente é de cerca de R$ 2,5 mil. No anúncio do frete, havia uma observação: a carga deveria ser buscada com urgência. 

 

Deveria ter desconfiado — lamentou a vítima. 

O motorista chegou a Taboão da Serra, em São Paulo, para buscar o carregamento em 17 de dezembro. Conforme combinado com a suposta empresa, foi até um posto de combustíveis. No local, os criminosos anunciaram o assalto.

 

— Encostou um cara do lado com arma apontada para mim e disse “tranca o caminhão, gaúcho. Te atira no banco de trás, senão te mato”. Vendaram meus olhos. Não dá tempo de nada, a gente não espera aquilo – relembra.

De lá, foi levado até um cativeiro, onde outros dois assaltantes o esperavam. Por cinco horas, permaneceu no local, sendo ameaçado. Só depois, foi liberado.

 

— O caminhão é o de menos, o que importa é a vida da gente. 

A vítima ainda ouviu os criminosos combinando de levar o caminhão até a Colômbia, onde seria vendido para desmanche. No dia seguinte ao ataque, o veículo foi rastreado e recuperado em Avaré, no interior de São Paulo. Segundo policiais, ele seguia no sentido de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em direção à fronteira com o Paraguai.

 

— Minha ficha não caiu até agora — afirmou o motorista, que é casado e tem uma filha de 11 anos. 

 

Três dias antes, um caso semelhante aconteceu com o funcionário de uma empresa de Turuçu, a cerca de 50 quilômetros de Pelotas. Proprietário e caminhoneiro combinaram que o motorista trabalharia por 45 dias em Mato Grosso. Para encontrar oportunidades de frete, acessou o aplicativo, no qual aceitou fazer um transporte de Várzea Grande para Campo Grande — distância de 715 quilômetros. No local combinado, o motorista foi rendido.

 

— Deixaram ele por dias no mato, em Cuiabá, apenas com água. Ficou em condições desumanas  — contou o proprietário da empresa.

 

Veículos trocados por drogas

De acordo com o delegado Marcelo Martins Torhacs, da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores de Cuiabá, no Mato Grosso, a prática deste crime tem sido verificada com frequência no Estado da região Centro Oeste.

— Há mercado negro de troca de veículos por entorpecentes na fronteira com a Bolívia, descendo o Paraguai. Já pegamos algumas quadrilhas e percebemos que, em alguns casos, as ordens partem do presídio. Esse modo de agir tem crescido e é um desafio para a segurança pública — explicou.

Segundo Torhacs, o Mato Grosso sofre com tráfico de drogas internacional, favorecido por fronteiras descobertas.

— Dependendo da cidade de onde partirem, se dirigirem em uma velocidade razoável, em duas horas, os criminosos estão na Bolívia — ressalta Torhacs sobre o roubo.

O delegado conta que o país vizinho não tem acordo de cooperação com o Brasil, o que dificulta a ação da polícia.

— Nós não podemos realizar diligências lá, eles não têm interesse nenhum nisso. Além disso, há facilidade em regularizar os veículos roubados no Brasil, o que dificulta a recuperação — afirmou. Roubo de cargas são mais comuns do que imaginamos.

Ainda que algumas das vítimas sejam do Rio Grande do Sul, não há ocorrência deste tipo de crime registrada no Estado, conta o delegado Joel Wagner, da Delegacia de Furto e Roubo de Veículos do RS.

— Como os casos aconteceram em outros Estados, foram registrados Roubos lá. Então, não temos conhecimento — disse Wagner.

1 comentário em “Fraudes: Criminosos anunciam fretes de carga pela internet para roubar caminhões”

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